A leitura e o homem
A
leitura e a escrita irmanam – se e complementam – se mutuamente, sendo
impossível pensá –las fora dessa correlação. A presença de ambas é
tão indispensável na realidade do homem contemporânea que se torna difícil
imaginar como seria o mundo sem a escrita e, portanto, sem a leitura.
Nas
ações mais banais e cotidianas, as informações chegam pelo código verbal
escrito: sinais de trânsito, placas indicativas, outodoors etc. Ao investigar
as origens dessa ferramenta indispensável à comunicação humana, abre – se um
amplo leque de constatações, cujas únicas provas são próprios escritos.
Embora
as dificuldades atuais na relação do homem com os hábitos de ler sejam muito
debatidas em âmbito acadêmico e pedagógico, a verdade é que ele não vive sem a
leitura. No mínimo, vive em condições desvantajosas, pois, além de ser vital
importância para o aprimoramento intelectual e como aquisição de conhecimento,
é uma grande fonte de lazer.
A
própria tecnologia contribui para essa valorização da leitura, pois a internet
proporciona, cada vez mais e de forma sistematizada, tudo isso por meio da
leitura é a forma privilegiada de transmissão de informação, de entretenimento
e de cultura desde os tempos mais remotos, mas, em especial, na era
tecnológica.
Um
apanhado histórico e panorâmico sobre as questões da leitura exige enumerar
previamente tópicos importantes como: origens e finalidades históricas da
escrita, sua importância para vida em sociedade para a vida em sociedade e suas
técnicas de domínio.
Origens
As
civilizações ágrafas, ou seja, aquelas que ainda não dispunham da escrita,
deixaram seus registros no plano dos objetos e das manifestações artísticas,
que hoje são vistas pelos arqueólogos com essa dupla finalidade: representação
e informação. As experiências dos homens das cavernas, por exemplo, estão
fixadas no corpo da pedra pelo que hoje denominados arte repestre. Eles
desenhavam, na rocha das cavernas, figuras que são o conjunto de seus hábitos e
suas práticas, mas essa arte também tinha a finalidade de documentar, descrever
e narrar a vida daquelas comunidades. Essas finalidades mostram a intrínseca necessidade
humana de eternizar os seus feitos, as suas experiências, as suas descobertas e
a sua história.
Contudo,
foi na passagem do mundo mítico para uma visão filosófica e depois histórica e
cientifica que surgiu a maior necessidade de registro para a posteridade. Os
atos e as histórias dos povos deveriam ser fixados no verbo, isto é, na palavra
escrita.
A
partir daí, o surgimento da escrita gerou uma mudança de paradigmas, de
conceitos e de finalidades. Escrever
tornou – se um ato teleológico, ou seja, escreve –se para alguém e com alguma
finalidade.
De
acordo com Chartier, antigamente, a leitura não existia separada do som da voz.
Leitura e audição eram ações conjugadas, pois aquela significada a pronúncia,
em voz alta, das letras escrita no papel. De certa forma, o leitor era também
autor, pois assimilava o conteúdo da leitura primeiro e , depois, dava – lhe
corpo a partir de sua própria voz.
Inicialmente,
a leitura era entendida como uma mera decodificação de símbolos, vemos no
conceito de Chartier. Com o passar do tempo, a complexidade do conceito foi
aumentado ao incorporar sentidos e finalidades mais densos ao ato de ler, como
podemos perceber pela citação de Freire,
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser
alcançada por sua leitura critica implica a percepção das relações entre o
texto e o contexto.
De
uma perspectiva mais literária, a leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho nas
camadas simbólicas dos livros, emergimos com uma visão mais clara sobre o
universo interior e exterior, a partir da abstração. É o que verificamos no
conceito apresentado por Resende, entra – se no território da palavra com tudo
o que se é e se leu até então, e a volta se faz com novas dimensões, que levam
a reinaugurar o que já se sabia antes.
Por
fim e para finalidade deste estudo, a partir do que vimos sobre os diversos conceitos
de leitura apresentados aqui anteriormente, sabemos que ela é a base e o
instrumento indispensável para a escrita, pois escrever sobre algo a ser
abordado, e isso só poderá acontecer mediante uma pesquisa bibliográfica, ou
seja, leitura, muita leitura.
É
assim que a literatura se transforma em instrumento de apropriação de
conhecimento, uma ferramenta que permite aprender a aprende, configurando – se
em uma atividade de ensino em todas as áreas.
Mas,
para fins da escrita acadêmica, no processo de leitura, utilizamos algumas
estratégicas: antes, durante e após a leitura.
Na
leitura inicial, é feita uma análise
global do texto(título, ficha catalográfica, tópicos e figuras e gráficos) e
também do conhecimento que se tem sobre
o assunto a ser discutido.
No
decorrer da leitura, tentamos compreender a mensagem passada pelo texto,
selecionado informações relevantes, confrontando as informações apresentadas no
texto com as idéias iniciais, a fim de
confirmá – las ou de refutá – las.
Ao
término da leitura, fazemos uma análise com a finalidade de rever e de refletir
sobre o conteúdo lido, isto é, a importância da leitura, o significado da
mensagem, verificando as diferentes perspectivas apresentadas para o assunto.
Vale
salientar que há muitos referencias sobre a temática da leitura, enfocando os
seus tipos, entretanto para a redação acadêmica adotaremos uma classificação
simplificada; em outras palavras, dividiremos o processo de leitura em três
etapas:
Leitura
exploratória ( seletiva e analítica);
Leitura
interpretativa;
Leitura
critica;
Qualquer
trabalho acadêmico exige a leitura, mas ao receber a missão de realizar um
trabalho sobre a leitura, os alunos, geralmente, ficam atônitos, pois para
pensar e explorar profundamente essa temática é preciso, antes de tudo,
sistematizar as etapas de um processo que será o assunto e a pratica daquele
que realiza o trabalho. Isso é fundamental porque ninguém consegue apreende
toda a carga informativa e reflexiva que um texto, um livro ou um artigo contêm
apenas com uma única leitura.
Embora
seja um assunto conhecido e aparentemente óbvio, a leitura é uma atividade
densa e complexa, quando não temos o hábito de praticá – la nem o seu domínio.
Por isso, apesar de ser uma prática simples merece muita atenção. Álias, quanto
mais óbvio é um assunto, mais difícil se torna escrever ou pensar sobre ele.
Isso ocorre uma vez que, em tese, todo mundo sabe da importância da leitura.
Sendo assim, não há propriamente um problema a ser resolvido, que é o que
caracteriza um trabalho acadêmico.
Porém,
sempre há algo a dizer sobre qualquer assunto, e isso ficará visível a partir
das três etapas de leitura para pesquisa acadêmica referidas anteriormente.
Comece selecionando autores que escrevam sobre leitura, leia os títulos, a
ficha catalográfica, a orelha, o prefácio e então observe se os subtítulos lhes
interessam. Isso é o que se chama de leitura exploratória.
A
leitura exploratória envolve a pesquisa bibliográfica preliminar, ou seja, a
procura de títulos voltados ao assunto e, também, à leitura de resenha e ou resumos
de apresentação de livros sobre o assunto a ser explorado. Nesta etapa, fazemos
a seleção e a análise do material. Aquilo que não for útil será descartado. O material
restante será analisado na etapa seguinte, que é a interpretação.
Além
de livros, as fontes podem ser também revistas especializadas, jornais, periódicos,
estudos acadêmicos, teses, é importante certificar – se da confiabilidade do
site pesquisado, dando preferência àqueles vinculados a instituições ou autores
conhecidos (universidades, órgãos
estatais, instituições de ensino etc.) Mesmo assim, em caso de ensaios, artigos
ou teses, torna – se fundamental observar a bibliografia utilizada pelo autor
do material. O aluno vai selecionar, de acordo com as suas intenções, aqueles
que lhe parecerem mais relevantes.
Com
base nos textos selecionados na leitura exploratória,o aluno vai ordenar e
sumariar informações que respondam ao “problema” do seu estudo.
Não
é necessário, nessa primeira etapa, resumir nem sublinhar as principais idéias,
entretanto há a possibilidade de se elaborar um breve esquema das grandes partes
do texto em questão, afim de visualizar o texto de um modo global.
A
leitura interpretativa, segunda etapa que o leitor precisa vencer, serve para
correlacionar o conteúdo lido com o problema proposto e associá – lo ou compará
– lo aos conhecimentos advindos de outros cientificamente comprovados. Após destacar,
sublinhar, as partes essenciais no seu entendimento deve reuni – las, tentando
organizar um novo texto que faça sentido e que tenha autonomia, preparando – o para
aproveitamento na etapa seguinte.
A
leitura crítica, finalmente, exigirá um posicionamento do aluno com relação ao
do autor da obra lida. Na leitura crítica, é preciso descobrir as ideias do
autor do texto lido, em que ele acredita, qual a sua intenção. A partir daí,
poderemos avaliar se os argumentos utilizados por ele nos convencem. Nesse
estágio, precisamos, sobretudo, investigar a autoridade do autor sobre o
conteúdo lido. Com base nisso, saberemos se os seus argumentos serão úteis às
nossas intenções para o trabalho a realizar. Em muitos casos, você pode utilizar
as ideias de uma leitura (argumentos) como contra – argumentos àquilo que você deseja
provar ou afirmar. Como você pode perceber, essa é a etapa que exige maior
esforço reflexivo por parte do aluno.
Imaginemos
um exemplo: todo mundo concorda com afirmação
de que a leitura é um hábito necessário,
que devemos sempre ler, para que seja relevante para o nosso vocábulo.
E,
se pensarmos bem, é aceitável a ideia, apesar de tratar – se aparentemente
apenas de uma questão terminológica, pois, dificilmente, aquele que lê não reflete
sobre conteúdo da leitura realizada. O grande desafio dessa proposta, ao fim e
ao cabo, é o de deixar evidente que o hábito de leitura diferencia –se demais hábitos.
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